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Monólito indivisível

Vianna de Carvalho

Em estelas de pedra, Hamurabi inscreve os mais antigos códigos que o homem conhece e legisla, sobranceiro, sob a inspiração do deus Marduque, fundamentado em admirável estrutura social.

 

Moisés, em inolvidável fenômeno mediúnico, recebe o Decálogo e estabelece preciosa coletânea ética, oferecendo base vigorosa para a elaboração dos direitos e deveres humanos, perante Deus e a sociedade.

Jesus insculpe no coração do povo uma síntese sublime do pensamento de inspirados profetas e argutos pensadores, sulcando o país das almas com o amor que abre horizontes antes jamais divisados para a humanidade de todos os tempos.

 

Justiniano manda redigir e compilar o Digesto, as Instituta, as Novelas e os Códigos e suplanta, em Constantinopla, o período áureo do antigo Império da antiga República, contribuindo eficazmente para o estabelecimento de uma tônica para a justiça entre as criaturas do porvir.

 

Gutemberg descobre a tipografia, favorecendo o livro, e se glorifica tanto quanto Colombo, conquistando as terras do céu sem fim das letras móveis...

 

...E Allan Kardec, catalogando os enunciados dos Excelsos Mensageiros da Luz, faz-se o hífen que liga o passado ao futuro através do Espiritismo – presente sempre presente pelos tempos em fora – a Doutrina que tem no livro o seu mais abundante e cristalino manancial.

 

Nos catorze anos de observação meticulosa e estudo acurado, anota impressões e ensinos, projetando a luz da verdade que lhe é conferida de modo a colocar alicerces no solo da posteridade.

 

O Livro dos Espíritos surge e toda a ganga da filosofia dos tempos e purificada na bateia da razão donde o Missionário de Lião retira as gemas de valor incomparável, enquanto fluem os rios da lógica. Examina e discute as "causas primárias" e "Deus", desfazendo as fantasias medievas e destruindo o antropomorfismo para estudar a vida desde a consubstanciação dos "elementos gerais do Universo", a "criação" e o "princípio vital", os "Espíritos", "do mundo espírita"...

 

Aprofunda observações sobre a "vida espírita", as existências sucessivas e a "intervenção dos Espíritos" na vida diária em intercâmbio com os encarnados.

 

Coroa o esforço lógico com as onze leis morais − coletânea de absoluta força ética em que se fixam com segurança as diretrizes mais bem estruturadas do século passado e que se resumem em uma única lei: a Lei Divina ou natural − que ate hoje enfrentam o progresso ciclópico da Tecnologia, que refundiu opiniões e criou novos "modus operandi" para o homem, sem superar o memorável código. Conclui a preciosa Obra com as "esperanças e consolações", exaltando a excelsitude divina.

 

O Livro dos Médiuns inquire sobre as expressões emocionais do homem e explica as manifestações psíquicas, estabelecendo método de inquirir e estudar as múltiplas faculdades paranormais do ser em profundas perspectivas, as consequências da mediunidade, a obsessão e as distonias mentais, traçando os mais atuais roteiros para identificação dos médiuns, das mediunidades e dos Espíritos. Fenômenos intrincados passam pela claridade meridiana do mestre lionês e a Obra culmina com as excelentes diretivas espirituais ditadas pelos pregoeiros do bem e da verdade nos dias transatos. É manual para a Ciência em pesquisa experimental, atuando corretamente no espírito humano.

 

O Evangelho Segundo o Espiritismo repassa a doutrina de Sócrates e Platão, precursoras do pensamento cristão, e faz as incontroversas conexões entre o Espiritismo nascente e o Consolador Prometido para estudar, a luz clara da razão e da lógica, as narrativas evangélicas mediante o crivo das reencarnações e da comunicabilidade dos Espíritos, de cujo conhecimento decorrem novas claridades espirituais e morais, em traçados da mais eloquente religião que colima na comunhão da criatura com o Criador através das excelsas pontes do amor e da Caridade, sendo encerrado em diurnal evocativo da paternidade divina.

 

O Céu e o Inferno esquadrinha "o porvir e o nada", o "temor da morte", a mitologia greco-romana e cristã sobre as penas e recompensas futuras, considera a Justiça Divina e em pinceladas que trazem o vigor dos fatos, através das palavras dos próprios Espíritos, descreve as paisagens das penedias infernais, das regiões purgativas e das estâncias celestiais, o que ultrapassa tudo quanto se disse e escreveu sobre o palpitante assunto... E atinge o clímax dos ensinos ao devassar as "expiações terrestres", elucidando um sem número de interrogações que jaziam sem resposta.

 

A Gênese, − cujo centenário de lançamento os Céus houve por bem nos permitir comemorar − é o livro da pesquisa profunda na Paleontologia, na Biologia, na Psicologia, na Sociologia, na Astronomia... dirimindo equívocos, semeando perspectivas antes não sonhadas. Kardec examina as teorias vigentes sobre a origem da vida, embora pessoalmente opinando sobre a "geração espontânea" para determinadas formas viventes, analisa as transformações da Terra, perquire e confronta "a gênese mosaica” com a Ciência da época e esclarece a mecânica dos "milagres", as curas de Jesus e "as predições" a face ao conhecimento dos seus dias. Livro vigoroso que aparece à hora de Darwin e dos geneticistas, sobrevive até a nossa hora, como dos mais preciosos da Doutrina Espírita.

 

Pentateuco kardequiano ou monólito indivisível porque um mesmo bloco com cinco faces equiláteras, base de cogitações poderosas para o homem das viagens interplanetárias e dos transplantes dos órgãos humanos, em prenúncio de imprevisível porvir.

 

O Espiritismo e a ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação.” (*)

 

O livro espírita não é apenas terapêutica específica para a aflição da humanidade mas também medida profilática salvadora.

 

Enquanto alguns filósofos desde Nietzsche aos “hippieistas” da atualidade proclamam a morte de Deus e do espírito e se negam a "ser crianças para entrarem no “Reino dos Céus”, nos laboratórios e gabinetes da Ciência Deus e o espírito ressurgem com elevadas perspectivas de triunfo, perspectivas que se fazem mais evidentes cada dia, confirmando' os prognósticos espiritistas sobre o amanhã.

*

Livro espírita, glorioso fanal!

 

Monólito sublime, a hora do centenário de A Gênese nós, os espíritos-espíritas, imortais, retornamos para, homenageando Allan Kardec, o operário da razão, proclamar:

 

"Deus te abençoe, manancial de luz, e te prodigalize as concessões libertadoras!"

 

Vianna de Carvalho

 

(Mensagem do livro Sementeira da Fraternidade, psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco).

 

 

(*) “A Gênese” – Allan Kardec – Cap. I – item 16) FEB. Nota do Autor espiritual.

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