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Suicídio moral

Joanna de Ângelis

Vários são os mecanismos que desencadeiam o autocídio.

 

Multiplicam-se desde aqueles de natureza moral aos terríveis sofrimentos que defluem de enfermidades degenerativas e dolorosas, passando pelos dramas existenciais e torpezas do comportamento, aflições econômicas e sociais... Dentre outros, os transtornos psicológicos em forma de depressão respondem por altas cifras de desencarnações pelo suicídio.

 

Há, no entanto, uma forma insidiosa e traiçoeira de autodestruição, de referência ao corpo somático, que não passa de instrumento indireto para atingir o mesmo fim.

 

Esse cruel adversário da vida é o cultivo de idéias mórbidas e perturbadoras, que se instalam como pessimismo ou culpa, desestruturando o ser nos seus objetivos elevados.

 

Inicialmente surgem como pensamentos infelizes que prosseguem, fixando-se e alienando o indivíduo que foge ao convívio saudável com outras pessoas, transformando-se em conflitos destrutivos que terminam de maneira penosa, injustificável. ...

 

A vida física é oportunidade sublime para o crescimento íntimo e a auto-iluminação, que não pode ser exposta a esses fatores de desagregação e perda.

 

Da mesma forma, o hábito doentio de entregar-se aos vícios, sejam quais forem, desde aqueles que criam dependência química ou os que se fazem compromissos morais devastadores, culminando no esfacelamento das forças com o conseqüente fenômeno da desencarnação.

 

O corpo é instrumento da Vida com finalidades específicas, que deve ser preservado a qualquer preço. A partir dos hábitos saudáveis de higiene até aos do trabalho dignificante em favor da sua manutenção, a fim de mantê-lo em equilíbrio conforme os costumes da sociedade, apresenta-se a necessidade de oferecer-lhe auxílio para os equipamentos que o constituem, através dos contributos morais que melhormente o preservam.

 

Sem as disciplinas hábeis, que conservam as funções de que se constitui, facilmente degenera e sucumbe.

 

Sob condicionamentos infelizes e sujeição de drogas desgastantes ou vapores mentais tóxicos, a sua maquinaria desajusta-se e interrompe a marcha.

 

Certamente aquele que assim procede, por negligência ou indiferença, está contribuindo para a própria desencarnação, sub-repticiamente desejando-a.

 

É menos responsável aquele que, mediante gesto intempestivo e alucinado, atira-se no abismo do suicídio covarde, do que o indivíduo que dispõe de tempo para a reflexão e a mudança de comportamento, não obstante prosseguindo no programa de desrespeito à vida conforme se entrega.

 

...

 

Nada justifica o ato insano do autocídio.

 

A noite tempestuosa de hoje sempre cede lugar ao dia claro e risonho de amanhã.

 

Dor é instrumento de reflexão e análise de como se está vivendo, enquanto que os acidentes e incidentes sociais e morais são chamados de atenção de que dispõe a Vida para o auto-aprimoramento do ser.

 

Tem paciência, pois, em qualquer situação em que te encontres, e aguarda a Divina Providência.

 

Coisa alguma acontece fora das Leis Cósmicas e das necessidades de evolução.

 

Não poucas vezes, quando algo negativo ou perturbador, em forma de desar ou enfermidade, chega-te, afligindo-te, e a Vida chamando-te à reflexão em torno daquilo que necessita ser corrigido e deves averiguá-lo para logo o fazer.

 

Preserva o teu corpo, preparando-o para servir-te de domicílio pelo período mais largo possível, a fim de que, ao desencarnares, não te dês conta de que te encontras entre aqueles que chegaram à Pátria espiritual antes da hora, pelo nefando instrumento do suicídio indireto.

 

Joanna de Ângelis

 

(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na noite de 26 de junho de 2002, na reunião do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia).

 

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