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Educação das forças mediúnicas

Vianna de Carvalho [*]

Identificados pelo sensitivo os sintomas que lhe caracterizam a faculdade mediúnica, a ele cumpre o dever de educá-la.

Somente o médium é capaz de qualificar-se nessa condição.

Nenhum sinal externo pode chamar a atenção do observador, a fim de apontar as pessoas que sejam possuidoras de mediunidade.

Não obstante originária no espírito, exteriorizando-se através do organismo físico, não apresenta síndromes externas, e, mesmo quando algumas destas possam tipificar-lhe a presença, tal conclusão jamais será infalível.

Deste modo, à pessoa sensata e lúcida cumpre o mister de observar a procedência das sensações e percepções que, amiúde, lhe chamam a atenção, por não obedecerem a um curso normal, habitual.

A mediunidade, propiciando a interferência dos desencarnados na vida humana, a princípio gera estados peculiares na área da emotividade como nos estados fisiológicos. Porque mais facilmente se registram as presenças de seres negativos ou perniciosos, a irradiação das suas energias produz esses estados anômalos, desagradáveis, que podem ser confundidos com problemas patológicos outros.

O sensitivo, porém, é sempre chamado à observância dessas manifestações, por surgirem em momentos menos próprios ou aparentemente sem causas desencadeadoras.

Constatado que esses distúrbios, como também as ocorrências de estesia íntima, não procedem da emotividade ampliada e jubilosa, de sucesso normal, a educação das forças mediúnicas faz-se inadiável.

Quando se trata de fenômenos no campo auditivo, visual ou de movimentos físicos, mais claramente se descobre o fator mediúnico na condição de causa geradora dos mesmos.

O exercício correto da mediunidade nenhum perigo oferece a quem quer que seja.

Essa educação tem por objeto atender a faculdade que desabrocha, a fim de que venha a produzir os resultados superiores a que se destina.

Não existem regras fixas nem programas simples para uma orientação de resultados rápidos.

O estudo da própria faculdade com o competente conhecimento do espiritismo são as bases essenciais e indispensáveis para uma orientação segura e sem qualquer prejuízo.

O exercício metódico da faculdade em desdobramento especializado é o passo seguinte, proporcionador do equilíbrio que faculta mais amplas incursões na experiência transcendental.

Em se tratando de psicografia, é viável que se reservem alguns minutos, duas vezes por semana, no lar, em clima de prece e de harmonia, além da educação em grupo, para dar prosseguimento ao seu exercício, dentro de uma disciplina que impede a interferência dos espíritos infelizes, da fascinação obsessiva, do desajuste emocional.

Outras faculdades merecem um tratamento mais cuidadoso, portanto, em grupo constituído por pessoas dignas, sérias, interessadas no próprio como no progresso da humanidade.

Cada dia, o médium defrontará sensações novas e viverá emoções que lhe cabe anotar, de modo a treinar o controle pessoal, estabelecendo a linha demarcatória entre a sua e as personalidades que o utilizam psiquicamente.

A atividade na área da caridade ilumina-o e a oração fortalece-o, resguardando-o das influências prejudiciais, que pululam em toda parte, por serem resultado da conduta moral dos homens em estado de desencarnados.

O cultivo do silêncio interior e do recolhimento favorece a educação mediúnica, por aguçar as percepções parafísicas, ensejando mais amplas possibilidades de intercâmbio espiritual.

Contudo, a sucessão do tempo é que adestrará o médium para bem servir, equipando-o com os recursos hábeis para tornar-se um bom e dúctil instrumento, usado pelos bons espíritos, que dele se acercam e se interessam por conduzi-lo no cumprimento dos deveres a que se vincula.

Em todo e qualquer fenômeno mediúnico, o intercâmbio dá-se através do perispírito do encarnado, que favorece a imantação psíquica do agente, nele plasmando as suas características, que facultarão a perfeita identificação, culminando, às vezes, em admiráveis fenômenos de transfiguração.

A lei dos fluidos, isto é, a identificação fluídica entre o médium e o espírito, constitui fator relevante para uma comunicação harmônica, pois que, se os mesmos são contrários ou se exteriorizam em faixas vibratórias diversas, mui dificilmente se podem esperar resultados positivos.

A meta da caridade, em sua essência, deve constituir o campo de trabalho do médium, no qual se burila e aprimora, iluminando consciências e socorrendo os que sofrem, em um como no outro lado da vida, carentes e ansiosos por alento, paz e libertação.

A educação mediúnica é para toda a existência, pois que, a medida que o médium se toma mais hábil e aprimorado, melhores requisitos são colocados para a realização do ministério abraçado.

A mediunidade, portanto, para desdobrar-se, necessita da anuência do seu portador, exceto nos casos de obsessão, quando irrompe mediante a violência da agressão dos adversários do sensitivo que, desta forma, se desvelam, requerendo atendimento e compreensão.

Não sendo irrepreensível médium nenhum, a vigilância há de constituir-lhe norma de segurança, reconhecendo, na sua fragilidade, a força para o sucesso da empresa espiritual.

À semelhança de enxada benéfica, quanto mais o médium trabalha, mais aguça a percepção, qual aquela que, mais cavando, mantém a lâmina sempre afiada e útil.

O candidato, pois, à mediunidade, que sente os seus primeiros sinais, educando-se e educando-a, capacita para ser o obreiro do mundo melhor de amanhã, vivendo-o desde agora numa estrutura paranormal abençoada.

 

 

(Mensagem do livro Médiuns e mediunidade, psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco. LEAL)

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