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Reciclagem das práticas mediúnicas

"Este dom de Deus não é concedido ao médium para seu deleite e, ainda menos, para satisfação de suas ambições, mas para o fim da sua melhora espiritual e para dar a conhecer aos homens a verdade. Se o Espírito verifica que o médium já não corresponde às suas vistas e já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de um protegido mais digno."
 

O Livro dos Médiuns, item 220.

O exercício mediúnico é das tarefas do movimento espírita que mais carecem reavaliações.

Os trabalhadores, ao longo do tempo, imprimiram-lhe um caráter eminentemente socorrista, restringindo suas expressões educativas e reveladoras ao talante do "assistencialismo mediúnico", impropriamente denominado "caridade com os desencarnados".

A reciclagem das práticas deve iniciar pelo entendimento lúcido da finalidade primacial da mediunidade, sem o que a consagração ao serviço sofrerá sempre os reflexos dos nocivos e adulterados objetivos insculpidos pela inferioridade humana.

A compreensão do finalismo sagrado das faculdades psíquicas é antídoto contra as sombras e os abusos do egoísmo.

Os "Espíritos Luz" assinalam na Codificação que a melhoria moral e o conhecimento da verdade constituem a direção Divina no exercício mediúnico, e todas as demais benesses da misericórdia surgem exuberantes quando os percipientes se ajustam a essa plataforma de disciplina e exemplificação.

Os aprendizes têm aplicado a si mesmos as lições hauridas com os desencarnados? Como desobsidiar sem nos esforçarmos para vencer nossas tormentas? Como doutrinar "mortos" se não convencemos com o exemplo os "vivos" que se encontram ao nosso lado? A Casa tem contextualizado seus trabalhadores na tarefa de amor ao próximo, nos cuidados com a harmonia do lar e com conhecimentos Evangélico-doutrinários? Os servidores da mediunidade encontram motivações no grupo para o cultivo da auto-educação?

Mediunidade é labor de renúncia, devotamento e abnegação, se seus profitentes não se afinarem a um programa de melhoramento pessoal, vão obstruir os recursos promissores de esperança e consolo, esclarecimento e libertação provenientes do intercâmbio sadio e redentor com os planos da imortalidade.

Outro aspecto salientado em Livro dos Médiuns" é o conhecimento da Verdade (O Livro dos Médiuns ítem 220, questão 3ª) essência da vida universal, o que só lograremos vencendo o misticismo, o dogmatismo e a idolatria; sem superar esses óbices d'alma, entretanto, os médiuns ficam à mercê das injunções da fascinação ou sob o domínio de quadros psíquicos dolorosos, por entre as neuroses fóbicas e os desajustes esquizoides.

É urgente essa reciclagem de metodologias, estruturação de grupos e de condução das atividades.

Para isso, pensemos na importância das discussões em fóruns de pequenos grupos entre os atuais lidadores e também com os futuros tarefeiros.

A associação do conceito do Espiritismo com os fenômenos espirituais é algo acentuado na comunidade social, portanto, a prática correta e equilibrada, as reuniões instrutivas e sérias, certamente determinarão uma influente comunicação da mensagem espírita.

Nessa reciclagem, incluir-se-ão as publicações, o travão do animismo, a educação das manifestações e tantas outras questões necessárias na atualidade.

Debatamos o assunto e tenhamos coragem para as mudanças imprescindíveis.

Reciclagem de conceitos somente se efetuará com renovação de mentalidades, por isso mesmo iniciemos pela disseminação límpida dos conteúdos das bases doutrinárias após lê-los, meditá·los, escoimá-los de nossas interpretações limitantes.

Ao longo da história do Espiritismo ressaltamos dois momentos que demarcaram fases nas quais a bênção da mediunidade se apresentou com caracteres próprios a cada época. O primeiro instante foi quando da consecução do embasamento teórico obtido com uma ostensiva fenomenologia; logo adiante, em um segundo tempo, vemos o trabalho missionário de medianeiros que atenderam ao chamado da segurança doutrinária através dos desdobramentos subsidiários.

Primeiro o fenômeno, logo após, os missionários, sob a tutela de programações espirituais muito bem urdidas em planos maiores. Estamos agora adentrando um terceiro tempo. Em pleno amanhecer do novo milênio está nascendo a era da "mediunidade de parceria", na qual as expressões fenomênicas e missionárias serão mera conseqüência, e na qual o preparo e a experiência adquiridos nas fontes da evangelização de si mesmo serão o canal apropriado para os serviços específicos desta modalidade, conforme as demandas infindáveis de nossas fileiras espíritas. Dessa forma, os médiuns saem da posição de meros instrumentos do além para a posição de servidores conscientes e participativos da obra entre os dois mundos.

Rogamos a Deus pelos dias vindouros para que consigamos encetar as necessárias reconsiderações junto ao abençoado trabalho da mediunidade.

Raul Hanriot

(1) o Livro do s Médiuns - item 220 - questão 3º

Fonte: Mensagem do livro Seara Bendita, psicografada pelo médium Wanderley Soares de Oliveira.

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