top of page

Mediunidade e sexo

Adenáuer Novaes  [1]

A palavra sexo tem muitos significados. Dentre eles desta­co os seguintes: energia psíquica, ato de intimidade, cópula, gênero, genitália, impulso/desejo e amor. Procurarei especificar quan­do estiver utilizando-o num ou noutro sentido a fim de facilitar a compreensão.

A faculdade mediúnica não está relacionada ao sexo no que diz respeito à relação sexual. A vida sexual (relações íntimas) de alguém não interfere no desenvolvimento da mediunidade da pessoa. É comum o médium sentir-se culpado quando tem rela­ções sexuais acreditando que aqueles atos o afastam dos Bons Espíritos. Não se deve esquecer que eles também são humanos e como tais o faziam naturalmente quando encarnados. A culpa, muitas vezes, advém da forte introjeção repressiva que a cultura, a educação repressora e a religião castradora impõem.

A recomendação que se faz em relação à prática sexual antes ou no mesmo dia das reuniões de contato com os espíritos, se deve ao fato de se prevenir o médium quanto à fixação emoci­onal que comumente é associada ao ato. Isso vale para qualquer outra atividade do ser humano em que se tenha forte vinculação emocional capaz de afetar o psiquismo, interferindo na atividade mediúnica. As fantasias imaginativas, típicas nas relações sexuais, podem gerar fixações mentais, que são prejudiciais ao exercício da mediunidade, como de qualquer atividade em que se exija concentração e disponibilidade psíquica. As imagens mentais ge­radas durante um ato sexual devem ser esquecidas quando do exercício de outras atividades, inclusive e principalmente da mediunidade.

O celibato ou a baixa atividade sexual não interfere no de­senvolvimento da mediunidade, tampouco a prática do sexo impe­dirá que os espíritos se aproximem desta ou daquela pessoa. Para eles, em geral, a atividade sexual é um ato humano natural e que deve ser exercido com educação e harmonia. A instituição do celi­bato no âmbito religioso católico é atribuída às responsabilidades que o exercício sacerdotal exige em que o comando e a manuten­ção de uma família são vistos como concorrentes, além das ques­tões ligadas a herança de bens materiais. Acresce-se a isso, as prá­ticas sexuais inadequadas, típicas do período pré-Idade Média, comuns em ambientes de iniciação religiosa, cujos abusos desper­taram a necessidade do controle, resultando assim no estabeleci­mento das proibições de atividades sexuais. Porém, vivemos em uma outra época, na qual a sexualidade é vivida de forma menos conflituosa e com mais naturalidade. A sexualidade do ser humano tem hoje mais liberdade de expressão, o que contribui para o alívio das repressões estabelecidas no passado. Os tabus estão caindo e o mistério antes existente está sendo paulatinamente desvendado.

A atividade sexual sadia do ser humano contribui para o equilíbrio de sua vida psíquica e deve lhe trazer harmonia e satisfação emocional. Sua influência sobre a mediunidade é a mesma de outras que lhe exigem energia emocional.

A atividade sexual consigo mesmo, com um parceiro de ou­tro sexo (gênero) ou com alguém do mesmo sexo não é relevante para o exercício da mediunidade quando não há culpa, medo, im­posição, desarmonia, prejuízo a outrem nem fixação ou viciação mental.

A sexualidade deve ser exercida considerando-se que se está de posse de uma modalidade de energia psíquica cujo uso deve ocorrer visando a felicidade e o amor.

A energia psíquica utilizada na modalidade sexual é uma poderosa alavanca para o crescimento do ser humano, a qual deve ser utilizada visando a felicidade. Sua força propulsora é uma das responsáveis pela criatividade humana e pelo desenvol­vimento social. Por conta de sua força, o ser humano necessita aprender a educá-la a fim de não resvalar para o desequilíbrio. Ela é como a correnteza, que pode assorear as margens do rio como pode gerar energia elétrica quando passa por uma turbina.

[1] Adenáuer Novaes. Conferencista, diretor da instituição filantrópica Fundação Lar Harmonia, do Centro Espírita Harmonia e do Centro Espírita Casa de Redenção Joanna de Ângelis, em Salvador. É formado em Engenharia Civil, Filosofia, Psicologia e pósgraduado em Psicologia Junguiana. Trabalha como psicólogo clínico. Escreveu vários livros sobre Psicologia e Espiritismo. Realiza cursos, seminários e conferências pelo Brasil e já visitou vários países da Europa divulgando a Doutrina Espírita.

Fonte: Psicologia e mediunidade

bottom of page