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Como se libertar do sofrimento

Geraldo Campetti Sobrinho

A valiosa contribuição psicográfica do Apóstolo do Bem, Divaldo Franco, rendeu frutos sazonados com a produção de esclarecedores textos de natureza psicológica redigidos pela Veneranda Joanna de Ângelis.


São 16 volumes que integram a denominada Série Psicológica, iniciando-se com o tocante Jesus e a atualidade e culminando com o expressivo Psicologia da gratidão.


O primeiro consiste na apresentação de vinte situações com ocorrências do cotidiano que aturdem a civilização, envolvendo amor, tolerância, justiça, dever, alegria, coragem, decisão, responsabilidade, posses, insegurança, sofrimentos, entre outros assuntos, buscando respostas da conduta humana na terapia de Jesus.


O segundo exalta a gratidão como roteiro de segurança a ser vivenciada em todos os momentos da existência corporal, como um estado interior que resulta em alegria e paz.


Dentre esses mananciais de esclarecimento e consolo, há o segundo volume da série, cujo instigante título é O homem integral. Esta obra considera o grave momento por que passa a Humanidade, e faz um estudo de diversos fatores de perturbação psicológica, procurando oferecer terapias de fácil aplicação, fundamentadas na análise do homem à luz do Evangelho e do Espiritismo, de forma a auxiliá-lo no equilíbrio e no amadurecimento emocional, com vistas à sua renovação e aquisição de saúde psicológica, tendo sempre como ser ideal Jesus, o Homem Integral de todos os tempos, por haver desenvolvido todas as aptidões herdadas de Deus, na condição do ser mais perfeito de que se tem notícia.


O homem integral esclarece que o Espiritismo, sintetizando diversas correntes de pensamento psicológico e estudando o homem na sua condição de Espírito eterno, apresenta a proposta de um comportamento filosófico idealista, imortalista, auxiliando-o na equação dos seus problemas, sem violência e com base na reencarnação, apontando-lhe os rumos felizes que deve seguir.


É justamente nesse livro extraordinário que Joanna de Ângelis apresenta uma terapia liberativa do sofrimento. Em sua didática e sabedoria, a Mentora elenca quatro passos, constitutivos do caminho libertador, apresentados a seguir resumidamente:

1) Considerar todos os indivíduos como dignos de serem amados.
2) Identificar e estimular os traços de bondade do caráter alheio.
3) Aplicar a compaixão quando agredido.
4) O amor deve ser uma constante na existência do homem.

 

Vejamos como são conexas as etapas propostas por Joanna. Retornemos um pouco e leiamos os itens 1 e 4 e, depois, os itens 2 e 3.


Para se libertar do sofrimento é preciso amar. Todas as pessoas são dignas de serem amadas, apenas para nos referirmos ao ser humano em suas relações interpessoais. Para nossa felicidade, o amor deve estar presente em nossa vida. Todos somos irmãos, deveríamos constituir uma só família espiritual, pois somos filhos de um mesmo Pai, criaturas de um mesmo Criador. Enxergar o outro com respeito é sentir que o amor pleiteado a nosso favor é o amor que precisamos distribuir ao semelhante, sem preconceitos e em consonância com o entendimento das diferenças que caracterizam a manifestação das individualidades.


Vários sofrimentos são gerados por ideias preconcebidas ou por fazermos mau juízo do próximo, enxergando nele posturas inadequadas ou incomodativas, considerando que entendemos a realidade de modo distinto. A Mentora recomenda identificarmos e estimularmos os traços de bondade do caráter alheio, auxiliando-o em seu processo evolutivo. Todos, como seres divinos, trazemos latentes na intimidade do ser o deus interno, a consciência na qual está registrada a lei de Deus, a nos possibilitar a distinção entre o certo e o errado, o bem e o mal. Assim, é preciso enxergar o lado bom das pessoas, para o nosso próprio bem. Quando vemos só o que é ruim, sofremos. Tornamo-nos pessimistas, negativos, amargos… Porém, quando nos predispomos a visualizar o mundo com lentes corretivas que nos facilitam enxergar o belo, o bom e o útil, erradicamos de nossa mente o sofrimento e nos sentimos felizes.


A compaixão como saudável exercício para com aqueles que nos ofendem, magoam, ferem, prejudicam, é também terapia libertadora do sofrimento. É preciso ser compassivo quando agredido. Jesus recomendou que revidássemos o mal recebido com o bem ativo que já trazemos no coração. Em O Evangelho segundo o Espiritismo, em seu capítulo 17, item 10, quando trata de O homem no mundo, Allan Kardec compila a significativa recomendação: “Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos.” Aplicar a piedade para com quem convivemos e que, direta ou indiretamente, nos atingem na sua maneira de agir e pensar, manifestando a existência de naturais diferenças de posturas e comportamentos, é atitude virtuosa dos que se candidatam à conquista do Reino dos Céus por seus méritos próprios. Somos indivíduos. Emmanuel, o guia espiritual de Chico Xavier, ensina-nos que Deus não cria duplicatas, apenas originais. Por isso, embora semelhantes, posto que irmãos, somos também diferentes em características a revelarem a personalidade que retrata nosso modo de ser em determinada encarnação ou existência física.


A melhor terapia para a libertação do sofrimento e conquista da felicidade é o exercício do amor a Deus, do amor ao próximo e do amor a nós mesmos no cotidiano de nossas vidas.

Fonte: Artigo publicado na Tribuna Espírita, ano 36, n. 196, mar./abr. 2017.

 

Os artigos publicados neste site são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da Associação Espírita Obreiros do Bem.

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