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Unificação no Movimento Espírita – Uma justificativa evolucionista

André Luiz Peixinho 
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Desde os seus primórdios o Espiritismo adotou como princípio basilar a evolução. Indo além do materialismo vigente e das explicações lamarckianas e darwinistas enunciou que há na natureza um encadeamento do átomo, símbolo físico, ao arcanjo, estágio mais elevado do ser espiritual; e este iniciou sua saga evolutiva na condição simples de matéria atômica.

Em ensaios mais recentes os espíritos descrevem a dinâmica da evolução como um ato criativo que gera a fisiosfera, donde emerge a biosfera, que se autotranscende na noosfera e deverá culminar na teosfera. Equivale dizer que da matéria emerge a vida, desta o pensamento,e a seguir a vivência numinosa. Em cada fase construímos formas mais complexas para expressar o desenvolvimento do ser psíquico. 


Uma observação acurada da evolução revela que a mesma é um processo que atende a certos princípios. Entre eles está a integração. Assim seres se unem para formar algo novo, mais complexo, com competências e propriedades impossíveis de serem deduzidas dos seus integrantes. Um exemplo clássico do mundo material é a molécula de água, formada de átomos  de hidrogênio e oxigênio cujas propriedades não possibilitam antever a condição de solvente universal da água. Hodiernamente dizemos que somos todo/parte ou hólons ou unidades coletivas. Qualquer  uma destas denominações significa que todo organismo ou individuação é formado de partes menores e componente de um todo mais complexo.

A evolução consiste em criar todos mais complexos sejam eles físicos, biológicos, sociopsicológicos ou espirituais em consonância com a proposição de que qualquer avanço evolutivo ocorre  através da superação da fragmentação pela ação unificadora. É o fenômeno de auto-transcendência. Isto não resulta em perda de identidade ou dissolução. Pelo contrário trata-se de enriquecimento de competências, geração de algo mais evoluído, aproximação da totalidade que é plenitude. Assim  podemos dizer que todas as expressões sociais que, ao tempo que preservam a  individuação, as entrelaçam em formas existenciais mais complexas representam passos  evolutivos. Assim o individual se transforma em  coletivo, o diverso em uno. O projeto espírita de unificação pode ser compreendido como parte deste fenômeno evolutivo. Pessoas se unem em instituições e geram um novo organismo capaz de realizar o impensável individualmente. Instituições se agregam em redes de atuação federativa e constroem novas possibilidades de autotranscendência. Redes federativas fazem emergir paradigmas para comunidades e estas se  constituem em novas formas existenciais mais complexas e competentes em expressar um mais elevado estágio evolutivo. Assim avançamos até nos sentirmos parte do Todo Universal  a que chamamos Deus. Trabalhar  pela unificação do movimento espírita é estar alinhado com o princípio evolucionista da integração. Assim conservaremos a nossa autonomia  na diversidade das individuações e faremos a autotranscendência unindo-nos aos outros.

Fonte: Transcrito do jornal Brasil Espírita | Março de 2017.

 

Os artigos publicados neste site são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da Associação Espírita Obreiros do Bem.

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