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Ano-Novo, Vida Nova?

Carlos Augusto Abranches  

Transformar uma afirmativa em pergunta é fundamental para o que precisamos saber. Afinal, Ano-Novo significa realmente vida nova ou é apenas mais um período de tempo que começa, no qual a única situação que não muda são as atitudes pessoais?

Não nos interessará, neste trabalho, fazer um comentário sobre os defeitos que alimentamos anos a fio, e que entrarão conosco, intactos e fortalecidos, no novo ano que ora chega. A proposta de agora é elaborar um projeto de vida perfeitamente aplicável a cada um, a ser construído durante todo o ano e não de uma vez só, como preferem os afoitos. 

Para janeiro, podemos projetar a coragem de assumir desafios. Desafios para mudar, para encarar os problemas e buscar tentativas de solucioná-los definitivamente. Quiçá, a primeira grande tarefa seja a do autodescobrimento, que abrirá no íntimo as expectativas radiantes de um novo ser, de coração voltado para o infinito das potencialidades imortais. 

Fevereiro nos aguarda para que assumamos compromissos, numa época em que é notória a fuga das responsabilidades e das tarefas valiosas no bem. O lar nos espera, a Casa Espírita aguarda nossa colaboração, o Planeta conta com as boas vibrações do ser renovado que pretendemos ser. 

Em março, quem sabe trabalhamos em nós a paciência, com o lembrete de não esquecermos das tarefas dos meses anteriores. Será preciso que a tenhamos para enfrentar as próximas que haverão de vir. 

Abril, por exemplo, poderá nos pedir uma preparação para enfrentar o inesperado; para tanto, é necessário o amparo da prece, o hábito da meditação, a bênção da serenidade e o conhecimento das próprias forças. O inesperado pode ser uma grande alegria (será recebida com equilíbrio) ou uma profunda tristeza (estaremos confiantes em Deus, que nos sustentará a resignação). 

Maio pode ser o do exercício da fé e da esperança. É preciso saibamos esperar com equilíbrio e com ponderação, a fim de suportar as pressões das forças contrárias ao bem, que começam dentro de nós. Em junho, se algumas derrotas anteriores tiverem acontecido, valerá a pena pensar: "– Eu sou capaz, não vou desistir. Minha vitória é a meta final". 

Julho será o mês da sensibilidade. Por ela, poderemos apurar o sentimento e ouvir canções nunca antes ouvidas, cantadas pelo silêncio da natureza; são as melodias da alegria e da tristeza, dos corações que sorriem por fora mas choram por dentro; dos que falam muito, mas que dizem mais pelo que não verbalizam. 

Em agosto, abrir-nos-emos para o novo, mas não o novo pelo novo, e sim pelas perspectivas que podem ser inauguradas ao se abandonar o velho. 

Para setembro, acionaremos a vontade, esse leme vigoroso a dirigir nossa empresa mental. A vontade nos auxiliará nos passos decisivos da transformação pessoal. 

Outubro nos aguarda para que tratemos de nossas doenças. Sem dúvida, seremos nossos próprios médicos, promovendo nossa cura pessoal, através de decisões justas, que nunca se esquecem que entre nós e a Lei do Amor existe o próximo, a quem devemos gratidão. 

Em novembro, abriremos os canais do Espírito, tanto do gesto de dar quanto do de receber. Atenção para um detalhe: a capacidade de receber vai crescendo à medida que nos abrimos para a coragem de oferecer o que somos de melhor.

 

Finalmente, em dezembro, faremos uma auto-avaliação. O que foi conquistado, o que ficou faltando, para que saibamos sair de nós mesmos e colaborar com mais eficácia no concerto da perfeição. Emmanuel diz que "recolhendo-nos, veremos o limite de tudo que nos cerca; expandindo-nos, conheceremos o infinito que nos envolve". 

Mãos à obra, portanto. Feliz Ano Novo, e bom projeto de vida!

Fonte: Revista REFORMADOR, JANEIRO, 1996 - página 14. Negritos nossos

 

Os artigos publicados neste site são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da Associação Espírita Obreiros do Bem.

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